domingo, 13 de setembro de 2009

O PORTUGAL DOS PEQUENINOS

Na próxima 3ª feira, pelas 11H00, a QUERCUS vai levar a efeito uma conferência de imprensa, na margem esquerda do rio Tâmega, entre Cepelos e Salvador do Monte, previsivelmente no local onde foi registado o vídeo aqui disponível desde o passado dia 10 do corrente mês de Setembro, documentando o actual estado calamitoso da albufeira do Torrão. Apesar de essas imagens poderem antecipar o que vem a reboque de mais duas grandes barragens que a EDP pretende construir, só desde a cidade até Fridão (a mais próxima é já ali antes da ponte do Borralheiro) , e já para não falar na segurança da população da zona ribeirinha, o certo é que tal vídeo não suscitou qualquer comentário ou reacção por parte de um punhado de curiosos que eventualmente o tenha aberto, o que nos leva a antecipar que menos ainda se darão ao incómodo de aparecer numa conferência em que a QUERCUS pode acabar a pregar para os peixes, na presença dos ditos "suspeitos do costume", já que Formão não é o Parque do Ribeirinho, o espectáculo não tem música, não é do agrado das multidões e como tal não tem patrocinadores na Alameda. Esta letargia leva-me a deixar aqui duas ou três reflexões que em nada vinculam aqueles que vêm tentando romper a cortina de silêncio, congregados no "Movimento Cívico Por Amarante Sem barragens" ou no "Movimento Cidadania para o Desenvolvimento no Tâmega", nem os 2900 subscritores da petição (e não só amarantinos) que visa travar semelhante desbarato e bem mais alguns que por esse País fora nos encorajam a prosseguir:

- Já não sustento grandes ilusões sobre uma reacção consequente dos meus conterrâneos perante este esbulho da nossa qualidade de vida, riqueza ambiental, e paisagística, um património que recebemos e sobre o qual teremos que prestar contas às gerações futuras.

- Isto porque os amarantinos actuais têm uma inesgotável capacidade de encaixe, bem patente (para não ir mais atrás) na calma olímpica com que assistimos ao encerramento (sem pré-aviso) da linha de CF, ao encerramento da maternidade, ou suportámos, anos a fio, o aspecto e o cheiro de uma manta de gasóleo sobre o rio, a partir do largo de S.Gonçalo, mesmo em plenas festas da cidade, sem qualquer queixume audível para além do dos forasteiros que não queriam acreditar no que os seus olhos e nariz viam e cheiravam, tendo o cortejo prosseguido com luzimento costumeiro.

- Tenho ainda menor fé em que os políticos locais, ou o poder autárquico, arregacem as mangas por sua iniciativa.

- Nada devo nem recebo, e não detendo procuração dos meus conterrâneos, também me não revejo no seu silêncio.

Perante esta apagada e vil tristeza reitero o diagnóstico que pessoalmente aqui lavrei e assinei, em 28 de Abril de 2008, e se quiserem poupar-vos ao incómodo de abrir um vídeo que é da inteira responsabilidade da Quercus, ou de descerem a Formão na 3ª feira, têm o espectáculo ao vivo, se olharem pela janela do carro ao passar no viaduto da A -4.


Águas tranquilas

"Nas diversas sessões de esclarecimento sobre as dramáticas consequências para Amarante, da construção da barragem de Fridão que amanhã vai a concurso público, a população tem marcado pela ausência, quando seria suposto estarem em cima da mesa, valores decisivos para a nossa comunidade, a par das suas obrigações para com as gerações futuras, não sendo arrojado, nem despiciendo, ver nisto uma ostensiva, ou aparente, afinação da sociedade civil, pelo diapasão partidário.
Efectivamente, o que se constata, a nível político-partidário, é que as figuras de proa, ou algumas delas, se debitam nos Órgãos de Comunicação Social, a que se não podem eximir, uma oposição teológica à barragem, quando no terreno, não assumem minimamente essa paixão platónica, antes baixam os braços perante o que consideram um facto consumado, a ponto de o Presidente do Executivo, na última reunião da Assembleia Municipal, haver lançado para a geral, que, embora não comungando desse fatalismo, teria que se interpelar sobre a sua legitimidade para esbracejar (se ainda vier a ter tempo para arregaçar as mangas), caso tal não espelhe a vontade dos cidadãos na sua maioria, sob pena de ser interpretado como apenas preocupado com a sua imagem na fotografia de grupo, em que todos posaremos para a posteridade.
De que continuam à espera os eleitos locais para se decidirem por colocar ao serviço desta causa da sua terra natal ou de adopção, a capacidade das respectivas máquinas partidárias, e seus prolongamentos, por aí acima até ao poder Central?! A lista de subscritores de uma petição on-line, em que primam os forasteiros, sugere, sob esta perspectiva, que os mais doridos, nem são os amarantinos, tão silenciosos ou travados.
Pessoalmente ainda me não sinto inclinado a cobrir pela frente, nos receios do presidente da câmara, perante uma comunidade que parece fadada para o masoquismo, a avaliar pela sua passividade perante outros esbulhos recentes, embora meros trocados perante esta machadada final.
Por que esperam então, os líderes partidários para activar as respectivas correias de transmissão que tão bem funcionam em marés eleitorais ?! Será que a escala da barragem de Fridão é secundária, ou será que o receio de ferirem determinadas susceptibilidades fala mais alto?
Depois de platónicas declarações de princípio, falta aos eleitos locais, darem público testemunho de que não estão tolhidos pela conjuntura, ou das malhas de interesses, dando um claro sinal que muitos aguardarão para esconjurarem os fantasmas que parecem intimidar a sociedade amarantina de cima a baixo.
Se mesmo com esse sinal inequívoco, os nossos concidadãos persistirem no seu letargo, (Santo António !) temos o que merecemos. Sem esse recado, assiste-lhes o benefício da dúvida.
Deixo-vos com uma citação de Martin Luther King : "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons." neste caso, os amarantinos em maioria , e cujo silêncio há muito se tornou ensurdecedor, com a conivência dos "aparelhos" partidários e da estrutura formal.
Tenham um bom dia.
Aqui fica esta reflexão, a título pessoal e que a ninguém mais vincula.
Artur Teófilo da Fonseca Freitas "
em Terça-feira,Abril 29, 2008, zero comentários

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro, Amarantino, bem que gostava de tecer alguns comentários, mas se por um lado não tenho grande capacidade para escrever o que quer que seja, não é menos verdade que atendendo á minha situação de desempregado e feitas vaias tentativas de arranja um local para trabalhar, visto que o poder instituído manda em tudo que é cidade e este mesmo poder em nada se pode opor ao poder central, estou eu e um grande, mesmo um grande punhado de Amarantinos impedidos de falar ou então estamos condenados a morrer á fome ou em ultima instancia deixar a família, e partir mundo fora, porque tudo o que se oponha a esta gente fica definitivamente na lista dos condenados, será isto a tal transparência politica de que tanto se fala ultimamente?
Mesmo assim vou arriscar, eu estarei lá, digo bem alto NÃO concordo nada com a barragem e reconheço que há meios de produzir energias Renovais sem se recorrer á MORTE anunciada de um punhado de Rios em Portugal, Nomeadamente o Nosso mais que belo RIO TÂMEGA
Nota; não vou assinar que assim a vingança demora mais um bocadinho pequenino a chegar. Abraço.

Anónimo disse...

Este testemunho impressionante do que é a censura pura-e-dura, é também espelho do estado calamitoso em que deixamos marinar esta "democracia". Arrepiável!
Força !