domingo, 15 de fevereiro de 2009

FRIDÃO: EDP vai realizar as primeiras sondagens para a construção da barragem no rio Tâmega

A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) autorizou a EDP a realizar trabalhos geológicos em Fridão, Amarante, com vista à construção da barragem e à realização dos estudos de impacte ambiental.
Nos termos de um comunicado divulgado por aquela entidade regional, foi emitido "parecer favorável à realização de trabalhos de prospecção e pesquisa geológicas nos terrenos visados pela construção do Aproveitamento Hidroeléctrico do Fridão, na bacia do Tâmega".
A EDP foi a vencedora da concessão da barragem de Fridão, próximo de Amarante, no rio Tâmega, curso de água em que já dispõe do aproveitamento do Torrão, na foz do mesmo rio.
Segundo a CCDR-N, as sondagens serão executadas em área classificada como Reserva Ecológica Nacional (REN), razão por que foi requerida a autorização da comissão de coordenação regional.
A autorização, requerida pela EDP-Gestão da Produção de Energia SA, possibilita a realização de sondagens mecânicas e execução de 15 poços e de 30 perfis de investigação geofísica "numa extensão máxima de 120 metros".
A CCDR-N acrescenta que as acções autorizadas "têm ainda por objectivo a recolha de dados técnicos necessários à elaboração dos Estudos de Impacte Ambiental".
"A licença atribuída explicita, neste âmbito, que a empresa fica obrigada a manter as árvores que radiquem na faixa marginal de 10 metros das linhas de água e a realizar sempre acima de 20 centímetros do solo os cortes de arbustos estritamente necessários", lê-se no comunicado da CCDR-N.
A EDP fica obrigada a repor os terrenos nas idênticas condições às existentes antes das sondagens.
No estudo prévio apresentado à Câmara de Amarante, a EDP apresentou um plano para construção de uma barragem principal e de um contra-embalse, com uma altura de 30 metros, proposta que tem levado os ambientalistas a considerar que são duas barragens em vez de uma.

In: Marãoonline

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Cientistas procuram estabelecer a ligação entre uma barragem e o terramoto de Sichuan

Isabel Gorjão Santos - Jornal "Público" 07-02-2009

O sismo que fez 70 mil mortes na China pode ter sido precipitado por uma barragem, dizem cientistas dos EUA e da China. Mas a posição não é consensual

Desde que a terra tremeu na província chinesa de Sichuan, a 12 de Maio de 2008, os cientistas têm procurado perceber o que aconteceu. Investigadores da Universidade de Columbia (EUA) já tinham ligado o terramoto à construção de uma enorme barragem na região, mas agora há também cientistas chineses que concordam com essa tese. Mais de 70 mil pessoas morreram, cinco milhões ficaram sem tecto. Foi catástrofe natural? Ou foi também o resultado de acção humana?"Teria acontecido de qualquer maneira", disse ao The New York Times Leonardo Seeber, do Observatório da Terra Lamont-Doherty, da Universidade de Columbia. "Mas para as pessoas afectadas, o momento em que aconteceu é muito importante." Os cientistas estão de acordo quanto a aquele terramoto de magnitude de 7,9 na escala de Richter ser inevitável, mais tarde ou mais cedo. Mas divergem quanto à influência que teve a construção na região da barragem de Zipingpu, uma gigante capaz de albergar 320 milhões de toneladas de água, erguida a poucos quilómetros de uma falha geológica. A questão não é irrelevante, quer seja olhada na perspectiva científica ou política. Junta-se às críticas apontadas ao Governo chinês que, a propósito deste terramoto, já foi acusado de permitir a construção de escolas inseguras que desabaram sobre milhares de crianças.Num artigo publicado em Dezembro na revista chinesa Science Times, cientistas da Academia das Ciências negaram a relação entre a barragem e o sismo. "A maioria dos investigadores chineses concluiu que o sismo foi principalmente desencadeado por movimentos da terra", escreveu o engenheiro hidráulico Pan Jiazheng. Leonard Seeber, no entanto, disse ao New York Times que "o impacte de tanta água pode precipitar um sismo, se as condições já existirem". Deu como exemplo o terramoto na Índia, em 1967, de magnitude de 6,5 na escala de Richter, que causou a morte de 180 pessoas e terá sido impulsionado pela barragem de Koyna, em Maharashtra, na parte ocidental da Índia. A influência da barragem é defendida por Fan Xiao, de 54 anos, engenheiro que lidera o Gabinete de Geologia e dos Minerais de Sichuan. "A barragem de Zipingpu foi construída numa zona de falha sísmica e pode facilmente ter impacto sobre ela", disse à agência noticiosa AFP.
"Não estou a dizer que o terramoto não teria acontecido, mas a barragem alterou a dimensão e o momento do terramoto."