segunda-feira, 9 de março de 2009

O copo meio cheio, ou meio vazio !?


Sobre a nudez forte da verdade - o manto diáfano da fantasia...

Afinal, a "cerca de metade da população" (a velha história do copo meio cheio ou meio vazio) que no dizer do Presidente da Câmara de Amarante, em plena Assembleia Municipal, (com base em elementos fornecidos por quem tem interesses no projecto) aceita a barragem de Fridão, não foi recortada localmente, mas abrange, também, depoimentos colhidos entre a população dos concelhos de Basto, que, naturalmente, se estará literalmente borrifando para a segurança dos amarantinos e nem precisa de procuradores. Significativo é o facto de "O Repórter do Marão" haver inserido na primeira página, aquele título de caixa alta, quando nas páginas centrais não consegue escamotear aquilo com que o presidente da Câmara deveria, em nosso entender, exultar, e que flui dos elementos facultados pela EDP, ou seja, que de entre os cerca 520 inquiridos, 50% ou mais, e certamente que a maioria significativa dos 287 amarantinos auscultados, não aceita a barragem (mesmo que isso, por hipótese, viesse ao arrepio dos desejos do edil). E com muito maior legitimidade do que aquela com que o Presidente do Executivo parte daquele universo da sondagem, para propalar que "os movimentos que falam da barragem nos blogues, não são a maioria da população", ousamos perguntar-lhe com que bases se julga representar a maioria silenciosa, quando exalta o copo meio vazio das poucas centenas dos que por aí acima aceitam a barragem, em vez de alinhar sem ambiguidades, com a outra metade que, por exclusão de partes, e com predominância dos que o elegeram e lhe confiam a sua segurança, não aceita a barragem ?! As 2817 assinaturas dos cidadãos que subscreveram a nossa petição contra a barragem de Fridão não serão a totalidade da sociedade amarantina. Mas, a nível de representatividade nesta matéria, está o presidente da Câmara muito mais desapoiado para nos apontar o dedo, com base numa sondagem em que "cerca" de metade dos 520 inquiridos estão connosco, e com predominância dos seus eleitores. Sem nos colocarmos ao seu directo serviço, e na medida em que o Senhor Presidente da Câmara de Amarante actuar em nome, e segundo os direitos, dos que o elegeram, poderá S. Ex.ª continuar a contar connosco, como era seu expresso desejo, há uns meses a esta parte, a menos que enverede por hostilizar os que tentam colmatar a falta de debate por que é directamente responsável. À margem assinale-se que alguém que, ao que tudo indica, anseia por barragens, escaqueirou, recentemente, ambas as placas que implantamos nos pegões da ponte, assinalando a cota 65, ao mesmo tempo que surripiaram a faixa que estava na Rua 31 de Janeiro apelando à subscrição da petição contra a barragem. Daqui apenas podemos inferir que os que aceitam a barragem estão mais activos e actuam por livre iniciativa ou, quando muito, contagiados pelo discurso, e não mais que isso.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não sei se estes 50% de pessoas favoráveis à construção da barragem são verdadeiros, mas uma coisa eu sei. Não são todos os amarantinos que estão contra a mesma. Eu não sou contra a construção da barragem de Fridão. Sou Contra o aumento da quota da barragem do Torrão e sou a favor de uma série de contrapartidas que terão de ser concedidas a Amarante. Com isto pode conseguir-se 2 coisas: 1- reduzir a dependencia energética do país. 2- criar riqueza em Amarante, criar trabalho, e conseguir ter um maior poder de reinvindicação para a nossa querida Amarante.

administrador disse...

O João Medeiros é um dos “quase 50%”, num universo que não sabemos bem qual é, dos que estão a favor da construção de uma barragem em Fridão. Em nossa opinião, uma das cinco barragens reversíveis que irão aniquilar todo um ecossistema que se estende ao longo da bacia hidrográfica do Tâmega.
Para o João Medeiros a alteração radical na relação única que este rio estabelece com a cidade de Amarante, não o apoquenta muito.
Que a qualidade da água se deteriore radicalmente e impossibilite as gentes de fruir o rio, como o vêm fazendo, geração após geração, será coisa pouca. Que a qualidade de vida dos amarantinos, a economia local, o turismo da cidade de Amarante, possam vir a ser afectados, parece também não ter grande importância.
Que os amarantinos do fundo do vale e da cidade passem a viver como reféns, debaixo de um muro com mais de 100 metros de altura a suportar 200 hectómetros cúbicos de água, também não será preocupante.
Que essa barragem seja construída em zona tectónicamente sensível e apenas a cerca de sete quilómetros dos limites da cidade, o que torna impossível que se leve a sério qualquer sistema de emergência e alerta, perante uma catástrofe,também parece coisa pouca.
O João Medeiros consegue até ver vantagens em tudo isto.
Mas o João Medeiros tem uma virtude. Diz o que pensa, assume com toda a legitimidade a defesa da construção de uma barragem em Fridão. Não é como os que partem placas e roubam tarjas deste movimento à socapa. Honra lhe seja feita.
Pensamos de modo diferente do João Medeiros, pelas razões que aqui, neste blogue, vêm sendo expressas ao longo de quase um ano.
Pena é que outros não tenham a coragem de dizer o que pensam e se escondam por detrás de posições hesitantes e ambíguas.

Anónimo disse...

O sr João Medeiros não viverá na parte baixa da cidade ou, certamente que, para além dos custos ambientais irreversíveis, com a total artificialização, da nascente até à foz, de um dos últimos rios naturais, não deixaria de levar em conta que há coisas como a segurança das pessoas, que se não podem trocar por um prato de lentilhas (desloque-se ao charco da Albufeira do Torrão durante o estio ou mostre-nos os empregos ou a riqueza que essa barragem trouxe ao Marco de Canaveses). Mas respeitamos o seu direito a manifestar a sua opinião em que surge alinhado com os quase 50% dos auscultados que assim pensam mas para quem, previsivelmente, as questões de segurança passam ao largo :

Do Site da Autoridade Nacional de Protecção Civil

Cheias induzidas por rotura de barragens

Em Portugal Continental existem actualmente quase 100 grandes barragens e cerca de 800 de média e pequena dimensão, a grande maioria construída há já umas décadas. Apesar de projectadas e edificadas com toda a segurança, existe sempre algum risco de ocorrer a rotura de uma barragem, quer por colapso da sua estrutura, quer por cedência das fundações.
A rotura de uma barragem induz a jusante uma onda de inundação que pode afectar muitas vidas humanas e causar elevados danos materiais.