sexta-feira, 20 de junho de 2008

“Por Amarante”



Muito antes de Hans Jonas ter formulado o Princípio da Responsabilidade (“Age de tal maneira que os efeitos da tua acção não destruam o equilíbrio entre a Terra, a Vida e o Homem a que têm direito as gerações que te sucederem”) já, na varanda do Zé da Calçada, Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, em conversa com o jovem António Fernandes da Fonseca, terá defendido que a “Romaria Espiritual” do Tâmega era a aguarela que Amadeu de Souza-Cardoso deveria pintar para ficar como ícone contra as tentativas bárbaras de destruir a comunhão dos amarantinos com o Marão e o seu Tâmega. Terá sublinhado que no remanso do Tâmega deslizavam as reminiscências dos afectos de uma princesa enamorada por um amarantino e que ali sempre procuraram protecção divina os que eram perseguidos pela voragem ruidosa do martelo mecânico que destrói a vida em nome do progresso.

Quem assim falava ficou para o nosso património cultural com o nome de Teixeira de Pascoais e o jovem que o terá ouvido está ainda entre nós como um dos melhores amarantinos e por todos conhecido como o Professor Fernandes da Fonseca.


O Rio Tâmega tornou Amarante Princesa, inspirou poetas, filósofos, artistas e cientistas. Mas isso só foi possível com a sua serenidade espiritual, imagem de uma harmonia cósmica, que a Barragem de Fridão quer destruir de forma mais bárbara que a pretendida pelos exércitos de Napoleão.

Ninguém tem o direito de, em proveito das gerações presentes, construir a Barragem de Fridão que negará às futuras gerações amarantinas o direito à “romaria espiritual” do Tâmega; ninguém tem o direito de apagar a saudade do passado; ninguém tem o direito de lançar no caixote do lixo da história o poema com que Teixeira de Pascoais cantou o seu Tâmega, símbolo da harmonia cósmica.

“…Ó meu Tâmega obscuro, água dormente…
Ó rio, à noite, a arder todo estrelado!
…Montes da minha aldeia, quem me dera
Ser como vós, de terra e solidão!

…Ó rochedo do Cáucaso onde eu vou
Em romaria rezar
Ó fogo eterno que o Titã roubou
Ó fogo humilde e brando do meu lar”

Que o poema de Teixeira de Pascoais se torne na nossa bandeira para defender a “romaria espiritual" do Tâmega da barbárie da Barragem de Fridão, como o General Silveira defendeu a ponte de Amarante da barbárie das invasões francesas.



Tragam mais um para subscrever a petição: http://www.petitiononline.com/PASB2008/petition.html
JBM

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