(in Marão on-line, sábado, 21 de Março de 2009)
Os quatro especialistas de engenharia civil convidados pela Câmara Municipal de Amarante para um debate, sexta-feira à noite, sobre a segurança da barragem de Fridão, no rio Tâmega, não conseguiram tranquilizar os adversários da sua construção.
Os intervenientes asseguraram "a excelência da engenharia portuguesa" na construção de aproveitamentos hidroeléctricos, reputada em todo o mundo, mas ao mesmo tempo reconheceram "que não existem risco zero", deixando na centena e meia de assistentes a ideia de que a construção de duas barragens, a apenas três e seis quilómetros a montante da cidade, "é um facto consumado".
[E agora sr Dr. Armindo José da Cunha Abreu? Já está mais tranquilo quanto à problemática da segurança, ou saiu de lá estarrecido com a possibilidade de o seu gabinete ir por água abaixo, e de a sua cidade entrar no Guinness como o...]
Primeiro caso de uma cidade no sopé de uma barragem
Primeiro caso de uma cidade no sopé de uma barragem
O responsável do LNEC, que se escusou naturalmente a dizer se era a favor ou contra a construção de Fridão, reconheceu, contudo, que não há nenhum caso em Portugal de uma cidade situada quase no sopé de uma grande barragem (idem Marão on-line).
Os sábios que aqui trouxe, sr Presidente da Câmara Municipal de Amarante, tiveram assim o despudor de considerar, de antemão, os Amarantinos, como tara perdida, não se coibindo de dourar a pílula com que "o risco é de um para dez milhões" .
Logo aqui o primeiro sofisma : entenda-se um para 10 milhões, multiplicado pelo número de habitantes da zona inundável - umas largas centenas , que ascendem a milhares, com a obrigatória contagem da população flutuante - bem sabendo quem assim fala, que o Regulamento de Segurança Barragens coloca a tónica no número de vidas em risco, não sendo indiferente que uma barragem daquelas dimensões seja erigida nas barbas de Amarante, ou no Cabo do Mundo e, já agora, no Castelo de S. Jorge sobranceira ao Martim Moniz ...!.
Ainda que assim fosse, sr Presidente, (e assim não será), adopte como termo de comparação, que, nesta semana, o sorteio do Euromilhões, averbou só em Portugal, três milhões, duzentos e quarenta e seis mil e quatrocentos e noventa e dois apostadores e que, mesmo não havendo qualquer apostador contemplado nos muitos mais milhões no conjunto de todos os Países, não será por isso que os que irão preencher o próximo papelinho, o fariam se não acalentassem o sonho de que a roleta os bafejará numa próxima oportunidade, ou seria deitar dinheiro fora. Aproveite esta imagem e não permita que em sentido catastrófico a EDP, de mãos dadas com o seu e nosso Governo (e circunstancialmente o seu partido, que tem algumas simpatias nalguns de nós, a par de prolongamentos nas construtoras de barragens) coloquem na tômbola a vida dos seus concidadãos, e a possibilidade de um Jackpot que lhes surja sob a forma de uma enxurrada que nos varra do mapa, apesar da excelência da engenharia portuguesa, neste caso infeliz, ao serviço de quem tem interesse em avançar com o projecto a qualquer custo...! As sumidades que na melhor das intenções, (estamos certos) aqui trouxe, para tranquilizar o auditório, ainda devem estar a tentar descortinar como foi que o tiro lhes saiu pela culatra.
Imaginemos o que seria se o nosso Presidente houvesse tido a prudência de convocar também a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a tal que responde em primeira linha e em última análise pela nossa segurança, (já que estes sábios estão mais vocacionados para a segurança do betão e do investimento).
Ainda não foi desta que nos fizeram engolir aquela aposta de um para um milhão, perante o que consta da Internet, no site da Autoridade Nacional de Protecção Civil...
Os sábios que aqui trouxe, sr Presidente da Câmara Municipal de Amarante, tiveram assim o despudor de considerar, de antemão, os Amarantinos, como tara perdida, não se coibindo de dourar a pílula com que "o risco é de um para dez milhões" .
Logo aqui o primeiro sofisma : entenda-se um para 10 milhões, multiplicado pelo número de habitantes da zona inundável - umas largas centenas , que ascendem a milhares, com a obrigatória contagem da população flutuante - bem sabendo quem assim fala, que o Regulamento de Segurança Barragens coloca a tónica no número de vidas em risco, não sendo indiferente que uma barragem daquelas dimensões seja erigida nas barbas de Amarante, ou no Cabo do Mundo e, já agora, no Castelo de S. Jorge sobranceira ao Martim Moniz ...!.
Ainda que assim fosse, sr Presidente, (e assim não será), adopte como termo de comparação, que, nesta semana, o sorteio do Euromilhões, averbou só em Portugal, três milhões, duzentos e quarenta e seis mil e quatrocentos e noventa e dois apostadores e que, mesmo não havendo qualquer apostador contemplado nos muitos mais milhões no conjunto de todos os Países, não será por isso que os que irão preencher o próximo papelinho, o fariam se não acalentassem o sonho de que a roleta os bafejará numa próxima oportunidade, ou seria deitar dinheiro fora. Aproveite esta imagem e não permita que em sentido catastrófico a EDP, de mãos dadas com o seu e nosso Governo (e circunstancialmente o seu partido, que tem algumas simpatias nalguns de nós, a par de prolongamentos nas construtoras de barragens) coloquem na tômbola a vida dos seus concidadãos, e a possibilidade de um Jackpot que lhes surja sob a forma de uma enxurrada que nos varra do mapa, apesar da excelência da engenharia portuguesa, neste caso infeliz, ao serviço de quem tem interesse em avançar com o projecto a qualquer custo...! As sumidades que na melhor das intenções, (estamos certos) aqui trouxe, para tranquilizar o auditório, ainda devem estar a tentar descortinar como foi que o tiro lhes saiu pela culatra.
Imaginemos o que seria se o nosso Presidente houvesse tido a prudência de convocar também a Autoridade Nacional de Protecção Civil, a tal que responde em primeira linha e em última análise pela nossa segurança, (já que estes sábios estão mais vocacionados para a segurança do betão e do investimento).
Ainda não foi desta que nos fizeram engolir aquela aposta de um para um milhão, perante o que consta da Internet, no site da Autoridade Nacional de Protecção Civil...
Cheias Induzidas por rotura de Barragens
Em Portugal Continental existem actualmente quase 100 grandes barragens e cerca de 800 de média e pequena dimensão, a grande maioria construída há já umas décadas. Apesar de projectadas e edificadas com toda a segurança, existe sempre algum risco de ocorrer a rotura de uma barragem, quer por colapso da sua estrutura, quer por cedência das fundações.
A rotura de uma barragem induz a jusante uma onda de inundação que pode afectar muitas vidas humanas e causar elevados danos materiais.
A actual legislação Portuguesa sobre segurança de barragens exige que as grandes barragens efectuem uma análise do risco de rotura e obriga os donos das barragens e as entidades governamentais a definirem mapas de inundação (com base em modelos hidrodinâmicos), de modo a permitir a definição de zonas de risco. Exige ainda que possuam planos de emergência, incluindo sistemas de alerta e aviso.
[Entretanto, os sábios que nos vinham tapar o sol com a peneira, bem sabem , e com obrigação de saber, que a cidade do Dr. Armindo Abreu (e de todos nós), se este assinar de cruz, ou passar um cheque em branco sobre a conta caucionada da segurança dos seus munícipes, irá inserir-se, para mal dos nossos pecados, na chamada Zona de Auto Salvamento, ZAS, a caracterizar no Plano de Emergência Interno, EEI, a elaborar, ainda por cima, pelo dono da obra, desta forma arrepiante:
Zona de auto-salvamento: a zona do vale imediatamente a jusante da barragem, na qual se considera não haver tempo suficiente para adequada intervenção dos serviços e agentes da Protecção Civil, em caso de acidente, e que é definida pela distância à barragem que corresponde a um tempo de chegada da onda de inundação, igual a meia hora, com um mínimo de 5 Km.
Como o sr Dr. Armindo Abreu saiu do debate, com mais dúvidas que certezas, e tendo ficado refém das suas declarações que transcrevemos, "A minha maior preocupação é a questão da segurança e nesse sentido vou promover um debate sobre o tema", a par de que " Por questão de segurança das suas pessoas e bens, os amarantinos não poderiam viver numa cidade que ficaria a uma cota inferior à albufeira da Barragem de Fridão, distante dela apenas 10/12 km ", é grande a nossa expectativa sobre como irá reagir o sr Presidente da Câmara desta terra que já teve melhores horizontes e não merecia isto.
A propósito: num cenário mais desfavorável, como recomenda o Regulamento de Segurança de Barragens, em caso de a barragem ceder na sequência de um acto de sabotagem ou um sismo, o sr como responsável pela Protecção Civil, quantos minutos nos concede para as últimas orações antes de entregarmos a alma ao Criador?! Será que no bastidores o vice-presidente do LNEC, já lhe confidenciara a "profecia" (citada pelo Público online) de que "nenhum argumento conseguirá travar a construção das barragens no rio Tâmega, sobretudo se atentarmos à sua valia económica" (logrando a boa-fé e expectativas dos tansos e ingénuos como nós que ainda estavam a sonhar com qualquer resultado de um debate já esgotado nos camarins) ou vai, V Exª fazer jus ao lugar que ocupa, envidando todos os esforços para travar que nos coloquem na mão um bilhete de lotaria que por um qualquer bambúrrio leve na enxurrada de Fridão, Amarantinos, Câmara, PS e todos os políticos que têm estado calados que nem ratos?!
Seja como for, o próximo debate está já ferido de asa, perante o que se ouviu em matéria que implica com o nosso direito à vida e à tranquilidade e que não pode ser deixado a fundo perdido. A partir daí tudo o mais se resume a questões de alfinetes e bagatelas, os habituais clichés da factura energética, com que os técnicos tudo justificam, em especial junto de quem já esteja predisposto a deixar-se convencer. Não conte connosco para engolirmos o anzol.
De qualquer modo lá estaremos como sempre, ainda que correndo o risco de sermos de novo confrontados com mais do mesmo, argumentos enlatados, que não seguram a barragem, e exaustivos currículos em cujo enunciado gastamos a primeira meia hora do recente debate, que aguentamos a pé-firme em nome da nossa terra e das gerações futuras, Fora desta margens, nunca estaremos ao serviço de quem quer que seja, por imperativos de cidadania e um mínimo de asseio intelectual.
2 comentários:
Quase não há cidades no sopé das barragens?? Em Portugal? Aqui a régua que está a 30 km de amarante está onde? O argumento de tentar assustar as pessoas com a questão da segurança, é o pior argumento que se pode ter contra a construção desta barragem. Arranjem ARGUMENTOS e não inventem pseudo-argumentos que só têm sentido em países africanos (e só em alguns).
cumps
JM
Caro JM:
os piores cegos são aqueles que não querem ou não sabem ler. Volte atrás, leia novamente, e não nos atribua uma frase do próprio LNEC citado pelo Marão on-line em consonância com a Lusa. Quanto a comparar a barragem da Régua com 41 metros de altura, pouco acima da parte mais baixa da cidade, com a barragem de Fridão que fica na mesma cota do estádio de Amarante...!
Mas ainda bem que nos leu apesar de trocar as voltas ao texto.
Mande sempre.
Artur Freitas
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