sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Em jeito de balanço...


BARRAGEM? - NÃO, OBRIGADO.

Em jeito de balanço, vimos, desta forma, reconhecer publicamente o apoio dos 3000 subscritores de uma petição à Assembleia da República, visando suspender o projecto da barragem de Fridão.

Com esta base de apoio, enveredamos por uma exposição a todas as bancadas parlamentares, pedindo que se insurgissem contra tamanha enormidade, o que foi levado em conta em duas propostas de resolução visando a suspensão do projecto.

Paralelamente, interviemos activamente em quantos debates foram levados a efeito, e nos quais nos empenhamos em desmontar o palavreado dos mentores do projecto, de que alguns acólitos fazem coro nos meios de comunicação locais.

Fizemos ouvir a nossa voz incómoda, do lado do público, nas reuniões do Executivo e da Assembleia Municipal.

Colaboramos activamente com a Comissão de Acompanhamento designada no âmbito da Assembleia Municipal, cuja reconstituição aplaudimos.

Através do nosso blogue, em outdoors, ou actividades no terreno, fomentamos a informação e o envolvimento dos cidadãos, sendo de salientar a boa ligação com um dinâmico grupo de jovens estudantes de Vila Meã, contrastando com a virtual auto-exclusão de muitas camadas da população, mesmo jovem e de causas, na sede do concelho ou das freguesias mais directamente afectadas.

Afrontando o poder local e os interesses instalados ou cúmplices, operamos uma notória viragem na opinião pública sobre a displicência com que está a saque um património de gerações que não exclusivamente a actual.

Estivemos representados na audiência concedida pela Presidência da República.

Em ligação com outro Grupo Cívico que corroborou uma queixa para a Comissão Europeia, subscrita por diversas Associações Ambientalistas, fruto da qual resultou a denúncia de que o Programa Nacional de Barragens está em colisão com a Directiva-Quadro da Água, solicitamos o acesso ao correspondente relatório, que não nos foi facultado com o argumento de que estão ainda em curso negociações bilaterais neste âmbito, donde resulta que o Estudo de Impacto Ambiental que foi objecto de consulta pública, não é, de forma alguma, um documento fiável, até prova em contrário.

Interviemos a nível das Estações de rádio e TV sempre que nos foi dada abertura.

Interpusemos, em conjunto com outro Grupo Cívico, uma providência cautelar no Tribunal Administrativo de Penafiel, visando anular o período de consulta pública do Estudo de Impacto Ambiental, tendo suportado do nosso bolso os respectivos encargos, enquanto uma deliberação da Câmara, no sentido de que o seu gabinete jurídico elaborasse, em 15 dias, um parecer com vista a uma acção judicial, continua inexplicavelmente encalhada, há largos meses.

Temos cultivado a mais estreita ligação com todas as organizações irmanadas numa visão mais ampla e abrangente da gestão dos recursos naturais, sem perder de vista a realidade da factura energética, das questões climáticas e dos compromissos internacionais, que apontam para a imperiosa necessidade de explorar (de modo racional e sustentável) a diversidade das nossas fontes de energia renováveis.

Não desmobilizaremos sem que a ameaça objectiva que a barragem constitui, seja tornada pública, em todos os seus contornos que, à partida, implicam com a segurança física de milhares de amarantinos embalados com o sofisma da remota probabilidade de um acidente, que não uma impossibilidade.

Manteremos o nosso blogue activo em, http://www.poramarantesembarragens.blogspot.com/, do mesmo modo que continuaremos disponíveis, nas noites das quintas-feiras, na sede da junta de freguesia de S.Gonçalo.

Em suma, e independente do desenlace de um processo que o poder central teria como perfeitamente pacífico, continuaremos vigilantes e activos, antes e para lá de Fridão, se esta barbaridade não cair com o peso das suas contradições ou do clamor da população que os eleitos locais têm tentado constantemente adormecer.

Como tal, e embora havendo cumprido os seus desígnios, aquela faixa que atravessa a R. 5 de Outubro, ali continuará a incomodar consciências, e mesmo que as novas subscrições tenham agora um efeito meramente simbólico elas serão sempre bem-vindas, enquanto demonstração inequívoca de que a revolta se não circunscreve a um círculo “romântico” na impossibilidade de o apodar de sectário.

O Grupo cívico “Por Amarante Sem Barragens”

"Jornal de Amarante" 25.02.2010

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