terça-feira, 22 de abril de 2008

Desastre ambiental irreparável


“Se se avançar com a construção da barragem de Fridão, Amarante pode sofrer um desastre ambiental irreparável”, considera Rui Cortes, professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e especialista na área do ambiente.
Segundo aquele técnico, que tem colaborado em estudos de impacte ambiental de diversas barragens, o Tâmega é o curso de água, da bacia do Douro, que apresenta maior grau de eutrofização.
O docente falava na sessão pública promovida pela Comissão de Acompanhamento da Assembleia Municipal que teve lugar, no passado sábado, no Salão Nobre do edifício dos Paços do Concelho.

Entre as consequências ambientais provocadas pela prevista barragem de Fridão, Rui Cortes destacou “a diminuição drástica da qualidade da água, a sua eutrofização e o inevitável aparecimento de algas, algumas delas tóxicas, a exemplo do que se verifica já na albufeira do Torrão”.
Rui Cortes alegou ainda que se for construído mais um açude a jusante da barragem para permitir a recolocação da água na albufeira principal durante a noite, aproveitando a energia das eólicas (hipótese considerada no PNBAPH), a qualidade da água colocada no curso de água (caudal ecológico) será ainda de pior qualidade.
Nessa circunstância, “a água a jusante resultaria apenas do caudal ecológico mínimo obrigatório, incapaz de sustentar a fauna e a flora existentes, pelo que Amarante, conforme a conhecemos, desapareceria”, acrescentou.
Convém salientar que o anexo V do PNBAPH já constata que “a probabilidade de ocorrência de eutrofização na respectiva albufeira é elevada, uma vez que a futura barragem se localiza em zona sensível por eutrofização e que a respectiva bacia hidrográfica tem uma ocupação ainda expressiva com área agrícola (37,3%) ”.
Acresce que, com a construção da barragem de Fridão, haveria a disposição para a subida da cota do empreendimento do Torrão, também expressa no Plano Nacional de Barragens de Alto Potencial Hidroeléctrico, o que agravaria o desastre ambiental pela inexistência de oxigenação da água.

Participaram ainda neste debate o engº Helder Leite, que chamou a atenção para os problemas da construção de uma linha de alta tensão de 400 KVA com 22 quilómetros de extensão, e a engª Berta Estevinha, que analisou em detalhe a mais que provável degradação da qualidade da água em toda a albufeira e as consequências negativas para a cidade de Amarante.

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