Abstemo-nos de qualquer comentário sobre este artigo publicado na Flor do Tâmega em 8.4.1982, apenas anotando que numa reunião tão relevante o Presidente da Câmara de então, entrou por uma porta e saiu pela outra, e que hoje felizmente já ninguém nos manda tapar a boca, à maneira do abade de Jazente, logo quem, com tantos telhados de vidro...!

EM BUSCA DO PROGRESSO PERDIDO
UMA OBRA DE VITAL IMPORTÂNCIA PARA A NOSSA VILA
(Flor do Tâmega em 8.4.1982)
A ALBUFEIRA DO TÂMEGA
Por: PEDRO ALVELLOS
Estas verdades singelas.
Sem artifício e conceito.
Pode-as ler qualquer sujeito:
E se vir que alguma delas
Lá pela roupa lhe toca
Tape a boca.
Paulino Cabral de Vasconcelos, Abade de Jasente – "Verdades Singelas"
A albufeira do Tâmega no coração da nossa Vila, é um assunto que preocupa os verdadeiros amarantinos, que amam acrisoladamente a sua terra.
Podemos hoje trazer a público algumas notícias que se bem que para muitos não possam ser consideradas absolutamente agradáveis, pelo menos podem serenar alguns ânimos que consideravam completamente naufragadas as esperanças de no futuro se ir perder o classicismo da paisagem a que nos habituamos e pelo seu real valor elegeu Amarante a uma das mais lindas terras de Portugal.
O Presidente da Câmara Municipal de Amarante convocou para o passado dia 3 uma reunião da equipa consultiva prevista no esquema de trabalho aprovado em reunião do Município de 18 de Novembro último.
Compareceram vários elementos das forças vivas da nossa Vila, entre eles o representante deste Semanário, previamente designado para o efeito.
O Senhor Presidente da Câmara esteve presente no início da reunião apenas para cumprimentar os elementos integrantes da equipa de trabalho e delegar os seus poderes no Vereador Eng.Orlandino Varejão, tendo-se retirado logo em seguida.
Este Vereador deu conhecimento à equipe consultiva de trabalho dos pormenores do empenhamento do Município em defender, tanto quanto lhe é possível, afincadamente a nossa Vila das possíveis consequências da instalação de uma barragem no Torrão com altura de 69 metros que está definitivamente assente e que formará albufeira com uma área de 3252 Km2. E um nível de cota máximo de 65.
É-nos grato constatar que a Câmara está atenta a este assunto e mobilizou o pessoal necessário para poder tomar as resoluções que entender por convenientes
O sr. Vereador Eng. Varejão apresentou-nos um curto mas bem elaborado relatório, esclarecendo a equipe consultiva que a equipe executiva, ambas formadas para o efeito de ser aberto um concurso que a câmara aprovou na reunião de 8 de Julho, com o fim de se realizar um levantamento exaustivo das consequências da formação da albufeira e apresentar a formulação de ideias para a remodelação das margens afectadas na área urbana da Vila.
A referida equipa de trabalho executiva já se reuniu duas vezes em 16 e 26 de Março último e reunir-se-á novamente no próximo dia 16 pelas 10 horas para dar os retoques finais no programa do concurso.
Ficamos convencidos, pelo que nos relatou o Eng.º Varejão, que a albufeira não trará efeitos tão danosos como foi agitado ao princípio.
Quanto ao problema das cheias, foi-nos garantido que Amarante em nada será prejudicada. Foram-nos exibidos uma vasta colecção de slides obtidos numa das últimas cheias, com a água do rio precisamente à cota 65, a máxima normal prevista para a albufeira e tivemos o grato prazer de ver muita vegetação, e bocados de margem, etc.
Ficamos convencidos que o perdido, ou o que se irá perder, poderá ser compensado com outros motivos que o engenho do homem instalará de novo.
Quanto aos açudes, só o dos Morleiros irá desaparecer, mas o de cima, em frente do parque de campismo, esse se assim for entendido poderá permanecer, com algumas obras de adaptação.
Ficamos convencidos que a opinião pública não tem razão para ser pessimista porque muito se poderá realizar no sentido de recuperação.
É importante que se construa um dique em frente da ilha dos amores, para regularizar o caudal do rio.
Também está previsto a construção de uma marina em frente do hotel da Calçada, com o fim de proteger os desportos náuticos, uma vez que Amarante irá progredir no sentido de não ser apenas uma terra de turismo de passagem, mas de turismo de fixação.
Depois da reunião do dia 16, a que este Jornal assistirá, voltaremos ao assunto para nos referirmos com mais pormenor ao programa do concurso, cuja abertura felicito a câmara por ter tomado uma medida tão inteligente.
A terminar direi que os próximos anos serão da maior importância para o fácies urbanístico e a qualificação do concelho como importante centro moderno de coordenação da rede rodoviária. Este ano é um ano de eleições para as autarquias e nas mãos dos partidos políticos, recai a importante missão de recrutar nos seus quadros as individualidades que haverão de continuar Amarante.


Imagens da albufeira da barragem do Torrão às portas de Amarante










1ª Questão
2ª Questão



O fim de um interminável nó górdio.
"Não há mercado para ter já dez novas barragens"


É bom de ver que um privilegiado que, da varanda daquela casa amarela, tinha os barbos, à mão de semear, na altura da desova das bogas , não se conformará com a barragem, mas há que acompanhar o progresso, para além de que essa pesca, de palanque, e pouco desportiva, caiu em desuso, como o carboneto, as bombas de foguete e o pirrixil, que estão banidos da pesca profissional ou lúdica, desdobramento da mesma coisa com que o Governo nos pôs a pagar duas vezes (de forma sustentada, a primeira, e insustentável, a segunda) ; de resto é patente o seu reaccionarismo, no gosto por estes postais revivalistas, como no facto de haver trocado, hoje, o futebol no canal 1, por um fim de tarde metido num barco (guiga, para os autóctones) indo ao ponto de perder a compostura e desatar a berrar que nem um capado, ao passar debaixo do arco da ponte, apenas para iniciar o neto nas artes do eco, coisa que não funciona no interior do infantário...!
Agora meteu-se a tirar fotografias a torto e a direito.Que importância têm estas ínsuas (que só serviam para acoitar - honni soit - por altura das festas do Junho, umas alternadeiras que então se não chamavam exactamente assim) perante a cabra do Gerês e as gravuras de Foz-Côa , a factura energética, a balança de transacções correntes e o crescimento negativo da economia, agora que nem moinhos há, que muito ajudariam ao protocolo de Quioto, e eram tão regionais e amigos do ambiente?!
Anda esta gente preocupada com meia dúzia de amieiros, e estas correntes (golas, se chamavam naquela altura) onde no verão se instalavam barracas de madeira cravadas nos seixos do fundo, e que só serviam para os casais à moda antiga se ensaboarem uma vez por ano, no meio das maiores poucas vergonhas, escarqueijando-se na mesma água que então bebíamos, directamente do rio, (lá está! - Os tais usos múltiplos de que agora falam os engenheiros da EDP do alto da sua cátedra, como se tivessem descoberto a pólvora).
Na mesma linha de progresso e vistas largas, ainda anteontem (e isto aconteceu de facto) sugeria este incréu, ao Pároco, que na senda das intervenções dos arquitectos Fernando Távora e Alcino Soutinho, naquele conjunto monumental de S.Gonçalo, (bem conseguidas, de resto) seria tempo de aplicar uma placa naquele tremendo pé direito da Igreja, desde que não alterassem a cércea e a fachada, que ali caberiam muitos escritórios ou quejandos, passado o travo inicial, à maneira da Coca-Cola e do Gin tónico, que primeiro se estranha e depois entranha-se, numa solução múlti-usos à semelhança do Mercado do Bolhão e da Praça do Campo Pequeno.
E se não for antes, quando o Jorge Coelho, que não frequenta a Igreja, passar a atalhar por ali, a caminho da Câmara, certamente que com a sua vasta experiência em obras públicas e construção civil, não deixará de atentar naquele desperdício em pleno Centro.
