sexta-feira, 2 de maio de 2008

Câmaras de Abrantes e de Constância satisfeitas com a redução da cota da futura barragem de Almourol

“O Governo lançou anteontem o terceiro concurso público para a construção das barragens de Almourol, Alvito e Fridão, concluindo os procedimentos que dão início ao processo que culminará com a concretização das dez barragens incluídas no Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico.

O presidente da Câmara de Abrantes considera que o Governo acautelou os impactos da barragem de Almourol no concelho, ao reduzir a cota de 31 para 24 metros, mas o autarca de Constância duvida do interesse privado pelo projecto.
Nélson Carvalho (PS), presidente da Câmara de Abrantes, disse anteontem à agência Lusa que os técnicos terão ainda de "verificar o que será o plano de água" à cota agora proposta, mas realçou o facto de o projecto posto a concurso na quarta-feira "acautelar" os impactos negativos para os quais a autarquia e a população haviam alertado o Governo.
Contudo, para o presidente da vizinha Câmara de Constância, António Mendes (CDU), à cota 24, a barragem do Almourol "não irá avançar" por não ter interesse para eventuais investidores privados. "Com toda a reserva, porque não disponho de todos os elementos, seria mais verdadeiro assumir o fracasso da localização no Tejo e encontrar uma alternativa", disse, considerando que esta foi "uma maneira airosa de o Governo não dizer que não punha esta barragem a concurso, sob pena de abrir um precedente".
Para António Mendes, a redução da cota em sete metros representa uma redução de 30 por cento da produção de energia inicialmente prevista, que retira o interesse do projecto para os investidores. "Andamos a entreter e a perder tempo", afirmou.
Para Nélson Carvalho, a proposta posta a concurso responde ao conjunto de preocupações dos órgãos autárquicos e da população do concelho. Admitindo que, aberto o concurso, caberá aos privados analisarem a localização exacta e a viabilidade económica do investimento, o autarca afirmou que, à primeira vista, não há objecções por parte do seu município. “

E a população de Amarante e o seu Presidente da Câmara fazem o quê? Perguntamos nós.

As populações e presidentes das câmaras de Almourol e de Constância, viram salvaguardados os seus interesses, que tinham que ver com a cota de funcionamento da barragem. Mas Almourol e Constância tocaram a reunir. E Amarante? Sabe sequer o que a ameaça?

A comissão da Assembleia Municipal gastou sete meses para organizar um debate que pouco mais foi que uma repetição de um outro levado a efeito em Dezembro de 2007.

A Câmara Municipal, ao que parece demasiado ocupada com conflitos internos e divisões sectárias, gasta-se a discutir, mesmo assim sem sucesso, as comemorações dos feitos dos nossos antepassados, e não parece ter tempo para dedicar a esta enorme ameaça que paira sobre o nosso futuro colectivo.
E por onde planam as personalidades de Amarante? Aquelas que podem fazer-se ouvir, com mais facilidade, nos corredores do poder?

Amarante está ameaçada de ficar emparedada entre duas barragens e dois açudes. A barragem do Torrão e a barragem de Fridão. Um açude a jusante da cidade para possibilitar o funcionamento do Torrão à cota 65, e um açude a cerca de três quilómetros a jusante da barragem de Fridão, que permita que esta seja uma barragem de tipo reversível (e lá vai o centro de canoagem pró maneta!).

Duzentos anos depois de incendiada pelos franceses, estará Amarante condenada a sucumbir perante a sobranceria da política de um governo que afronta os valores ambientais, patrimoniais, históricos, económicos e paisagísticos desta cidade, para servir de bandeja os interesses das grandes empresas da construção civil e obras públicas?

Que respondam os amarantinos.

HS

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